me, myself and I

*texto antigo
como seres humanos, temos tendência a querer sempre aquilo que não podemos ter. um bom carro, uma vivenda enorme, ganhar o euromilhões...a lista continua. vamos atrás desse algo ou desse alguém e lutamos como se a nossa vida dependesse disso. mas com isto sofremos. a luta incessável acaba por ter um fim que nós já prevíamos, mas simplesmente não queríamos enfrentar e aceitar como real. sofremos e caímos. mas ando-me a preparar para essa grande perda e para a dor que com ela virá. afinal a vida é feita de perdas e de dor. é feita de quedas. mas com a queda vem sempre a força para nos voltarmos a erguer. porque sejamos sinceros, ninguém gosta de ficar caído no meio do chão. posso não ter ninguém a estender-me a mão e a ajudar-me a levantar, tal e qual como eu fiz a muitos outros, mas por vezes temos de aprender a contar apenas com nós próprios. porque quando todos se lembrarem de que já não precisam mais de nós e quando todos nos voltarem as costas e nos deixarem estendidos de cara no chão, mesmo depois de nós os termos ajudado a erguer quando foi a vez deles caírem...a única pessoa com quem poderemos contar será nós. Eu. serei a única pessoa com quem eu poderei contar. ajudar-me-ei a mim própria. mas não faz mal. já aprendi que por vezes na vida, é preciso caminharmos sozinhos. sem ninguém do nosso lado prestes a ajudar-nos se eventualmente nos deixarmos cair no maior dos abismos. aprendi que por vezes só temos uma única pessoa na qual podemos confiar. nós mesmos. Eu. não podemos ter tudo. e com isto, retomo o que disse inicialmente neste texto. queremos sempre o que não podemos ter. por vezes, amamos alguém que não podemos ter. amamos alguém que não nos pode amar também. e outras vezes queremos apenas alguém que nos ajude, que nos estenda a mão e nos ajude a erguer, mas simplesmente...não podemos ter essa pessoa. por isso, começo a aperceber-me de que a única pessoa com quem posso realmente contar sou eu. porque não há mais ninguém. apenas eu. «me, myself and I.»