na terça-feira, fui ver-te. foi uma visita rápida. rápida e dolorosa.
já não te via desde... não sei bem, penso que já não te via há um mês, mais coisa, menos coisa. já estás tão velhinha... velha e solitária.
quando me abriste a porta, abracei-te durante muito tempo. enchi-te a cara, já com rugas, de beijos e disse-te que sentia muito a tua falta.
és tudo para mim. uma avó, uma mãe, uma amiga.
és tudo. foste tu que me criaste, juntamente com o teu outro netinho, e foste tu que cuidaste de mim e ainda cuidas. a minha maior tristeza é saber que te sentes sozinha. vemo-nos muito poucas vezes, já o disse e volto a dizer, não é suficiente.
tenho medo. agora que já não estás propriamente a caminhar para nova, tenho medo de ficar demasiado tempo sem te ver, sem te abraçar, e tu partires entretanto.
não quero que partas. quero que fiques para sempre comigo. quero ser para sempre a tua carochinha. não quero acordar um dia, e aperceber-me de que nunca mais te irei ver. que nunca mais te irei poder abraçar e dizer o quanto te adoro.
quem me dera que existisse um elixir que tornasse as pessoas imortais.
mas não há. tenho de aceitar o facto, de que mais cedo ou mais tarde, secalhar mais cedo do que penso, já não estarás entre nós.
o meu coração ficou partido aos bocadinhos, nessa terça-feira, quando tive de te virar costas e vir-me embora.
quando o fiz, deixei algo para trás. o meu coração, ficou ai contigo.
amo-te avózinha, e será sempre assim.
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Os avós são como o tempo: esgotam-se. Eles são uma das coisas mais preciosas que podemos ter na vida. Estimem-os, porque eles não duram para sempre. |
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